Seguimos com nossa série de entrevistas com as bandas que participam do Queers & Queens.
Dessa vez a conversa foi com Thuany Asevedo, vocalista do Noskill, de João Pessoa/PB.
Ela, Camylla Oliveira [baixo], Aline Myrtes [guitarra] e – perdão jovens – não sei quem na bateria [me digam! ;-)], dividirão o palco com Glorious Bond e Ideocrime, além de discotecagem com DJs Ginger Hot e Will Nygma, no sábado, dia 16/03.
O Dynamite Pub [Rua 13 de Maio, 363, Bixiga], recebe o Q&Q durante os finais de semana do mês de março, com o objetivo de fortalecer a luta contra a homofobia.
Com opinião formada, Thuany deu seu [importante e embasado] ponto de vista sobre o fest ser apoiado pelo Governo de São Paulo e ter entrada gratuita, confira abaixo!
[foto: Karlla Amanda]
– Quando sua banda foi formada e como você define o som dela?
Em 2005. Hardcore/punk rock. Acho que é isso [risos].
– Pra vocês, o que significa tocar num evento como o Q&Q?
Tocar em um evento que tem a ideia de debater e contribuir diretamente contra a homofobia, que infelizmente é algo ainda tão presente na nossa realidade, é muito satisfatório para nós, visto que dialogamos com o principal propósito do evento, aumentando a nossa instiga. Vamos agradecer pra sempre, que coisa foda. Valeu Shamil!
– Ter um festival punk e gay com o apoio do Governo do Estado de São Paulo reflete mudanças na sociedade?
Mudanças quase sempre acontecem quando partem de pequenas atitudes, acontecimentos como esses, gratuitos, que têm uma finalidade de discussão e que todxs podem ter acesso, podem causar mudanças na sociedade. No contexto em que estamos, onde as pessoas ainda veem o rock e o homossexual como ameaça, é muito importante que o Governo também faça sua parte, apoiando cada vez mais eventos, fazendo mais campanhas, e participando/contribuindo em eventos que refletem sobre esse tema e de tantos outros processos que geram atraso, desigualdade e violência dentro da sociedade.
Mas não esquecendo de que apenas um festival de cunho cultural não é suficiente para proporcionar mudanças de posturas homofóbicas/preconceituosas existentes em nossa sociedade, talvez isso caracterize uma abertura ao diálogo, mas isso não necessariamente reflete em mudanças significativas de comportamento, sobretudo do Governo. Homofobia ainda mata, os crimes de ódio contra homossexuais ainda são realidade em nosso país, a falta de políticas públicas de combate à violência e opressão vem a reforçar esta lógica, estes crimes são subnotificados nas delegacias, os assassinos estão impunes e mesmo sendo o país líder em assassinatos de homossexuais, o Estado ainda marginaliza e viola diversos direitos destas pessoas. É fundamental a reflexão sobre em quantas oportunidades o Governo apoiou estes grupos – underground/queer – e quantos avanços se conseguiu através disto. Apenas com um festival pontual, isolado, sem uma discussão periódica com esses setores, sem a criação de políticas públicas de enfrentamento ao problema, não conseguiremos, efetivamente, mudar a conjuntura opressora e machista que ainda temos hoje, pois preconceitos desta natureza precisam ser combatidos diariamente. E vale ressaltar que, diante de qualquer Governo, seja ele qual for, não se deve esquecer a importância destas reflexões para não cairmos em contradições e nem no oportunismo dos governantes. As vidas interrompidas pela homofobia não serão esquecidas, o preconceito deve ser combatido a ferro e fogo diariamente, o Governo não deve ceder às pressões reacionárias da igreja, que deve ser superada com a luta pela criminalização da homofobia, para uma vida digna para todxs os cidadãos e cidadãs!
– Que tal as outras bandas do fest?
Teu Pai Já Sabe?, La Revancha, Tuna, Anti-Corpos, Larusso… Todo mundo junto em um festival só? Isso é um sonho? [risos] Só coisa linda, apesar de não conhecer todas as bandas, seria mais lindo ainda participar de todos os dias do festival [risos]. Vai ser um prazer conhecer a galera e rever nossxs amigxs que também irão tocar, como as meninas da Anti-Corpos e Bruna, da Top Surprise.
– Quais são os próximos planos da Noskill?
Levar o CD novo pro festival, ir de uma ponta a outra aqui do Nordeste, a gente tem que fazer isso o mais rápido possível, questão de “honra”, e tocar onde tiver gente legal e amiga.
Mais informações: queersandqueens.com.br | facebook.com/QeQFestival | noskill.bandcamp.com | facebook.com/noskillbanda
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